Fala Gás Nobre, hoje falaremos sobre a Poluição Radioativa ou Nuclear, sobre o que ela é, quais suas fontes e quais perigos ela oferece para nós e ao meio ambiente.

Gás Nobre, a poluição radioativa, ou nuclear, é considerada uma das mais perigosas formas de poluição. Ela é proveniente da radiação, que é um efeito químico derivado de ondas de energia (seja radiação na forma de calor, luz ou de outras formas).

A radiação existe naturalmente no meio ambiente, porém, devido a ações humanas, chamadas de ações antrópicas, ela vem sendo liberada em excesso. Ou seja, um produto radioativo pode ser proveniente de fontes naturais ou artificiais (criadas pelo ser humano). A poluição radioativa existe como um resíduo da energia nuclear ou atômica produzida por elementos químicos, os quais são capazes de gerar a radiação.

Vale ressaltar que os resíduos radioativos podem ser do tipo que emite radiação própria (elementos radioativos) ou ainda ser materiais que tiveram contato com essas fontes de emissão de radiação e portanto, ainda encontram-se emitindo a radiação pela qual foram expostos. Um exemplo disso são os materiais utilizados nos estudos realizados por Marie Curie durante seus experimentos com elementos radioativos, que encontram-se até hoje armazenados em recipientes de chumbo por ainda estarem emitindo níveis perigosos de radiação.

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Marie Curie
O caderno de Marie Curie ainda precisa de uma caixa de chumbo 

Uma das principais fontes da poluição radioativa são as usinas nucleares, no entanto, emissões de radiação não acontecem apenas dentro destas usinas, existindo outras fontes como:

  • Realização de radiografias (Raios X), radioterapia e esterilização de materiais médicos.
  • Conservação de alimentos e eliminação de insetos e de bactérias.
  • Fins bélicos (Armamentos nucleares).

E quais são os perigos da Poluição Radioativa?

Os perigos são muitos. Em nosso organismo, por exemplo, a radiação é responsável por provocar a formação de grandes quantidades de radicais livres, moléculas essas que, em excesso, causam a morte de células sadias, envelhecimento precoce, quebra de cromossomos ou alterações do material químico que formam os genes, desencadeando mutações e gerando diversos doenças como deformidades crônicas, problemas respiratórios e de circulação, envenenamento, diversos tipos de câncer, perturbações mentais, infecções, hemorragias, leucemia, anemia, catarata, dentre outros.

Na natureza, as consequências não são menos desastrosas. Esse tipo de poluição contamina a fauna e a flora do planeta, o que resulta no desequilíbrio do ecossistema e causa danos irreparáveis ao meio ambiente.

O grande problema da poluição radioativa é que não existe nenhum meio eficiente de “limpeza” e remediação, ou seja, ainda não há formas eletivas para se descontaminar áreas afetadas por ela. Uma vez contaminada, a área costuma ser isolada, ficando impossível de ser habitada. Em casos de menor contaminação, remove-se o material contaminado (solo, por exemplo) e faz-se o devido armazenamento, sem maiores opções de tratamento a serem realizados.

Outra problemática é que alguns átomos radioativos, causadores deste tipo de poluição, possuem uma durabilidade extremamente longa. Para se ter uma ideia, o isótopo radioativo do plutônio, por exemplo, apresenta uma meia vida (tempo em que metade da massa de uma amostra do elemento decai a metade) de cerca de 24,3 mil anos, sendo que uma amostra continuará emitindo radiação até que sua massa decaia por completo. Ou seja, dependendo do tamanho e extensão da área afetada, poderá levar centenas de milhares de anos até que possa voltar a ser habitada.

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E já houve acidentes envolvendo este tipo de poluição?

Infelizmente sim, sendo os mais famosos a explosão do reator da Usina Nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, o acidente envolvendo Césio-137, em 1987, em Goiânia-GO/Brasil e o vazamento de material da Usina Nuclear de Fukushima após um terremoto seguido de um tsunami, em 2011, no Japão.

No caso da usina de Chernobyl, ocorreu a explosão em um dos reatores, o que ocasionou a liberação de uma enorme quantidade de material radioativo. Acredita-se que a quantidade de poluição radioativa liberada era cerca de 400 vezes maior que a liberação gerada pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. A nuvem radioativa se espalhou pela Europa, chegando a diversos outros países.

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A História por trás de Chernobyl
A misteriosa nuvem radioativa que cobriu a Europa por mais de 15 dias 

Os prejuízos ultrapassaram 18 bilhões de dólares, além da contaminação da água e do solo de toda região tornando-a inabitável até hoje. A cidade teve que ser evacuada às pressas, tornando-se uma verdadeira cidade fantasma literalmente da noite para o dia. Inúmeros bombeiros e funcionários que trabalharam na contenção da radiação liberada pelo reator perderam suas vidas devido a exposição a doses altíssimas de radiação.

Já o acidente que ocorreu em Goiás no ano seguinte (1987), envolveu uma ampola de um equipamento de raio X. Estes equipamentos emitem radiação a partir de uma ampola contendo o isótopo radioativo Césio-137, que possui uma coloração azul intensa e cintilante. Catadores de sucata encontraram este equipamento abandonado e acharam muito bonita sua coloração e brilho e o levaram para casa. Vizinhos, amigos e familiares se reuniam para ver este material e até mesmo o tocavam com mãos nuas. O resultado foi um dos maiores desastres radioativos do mundo, com inúmeras pessoas contaminadas e vidas perdidas.

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Mais recentemente, em 2011, presenciamos o acidente da usina nuclear de Fukushima no Japão, que devido a um terremoto seguido de um tsunami teve sua estrutura danificada e consequente vazamento de material radioativo, que resultou na poluição do solo e do mar da região.

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Depois destes acontecimentos, principalmente logo após Chernobyl, muitas medidas foram tomadas para evitar que novos acidentes acontecessem, mas a radiação ainda é imprevisível. Uma vez que não existem soluções para a poluição radioativa, todos os seus usos devem ser extremamente controlados para não causarem danos.

Gás Nobre, citei alguns acidentes que foram formas de exposição a grandes quantidades de radiação de uma vez só, mas você sabe quais são os tipos de radiação e contaminação?

A contaminação, humana ou animal, por poluição radioativa pode ocorrer de forma interna ou externa. A interna ocorre quando o material radioativo entra no nosso organismo, esse tipo de exposição pode ocorrer devido a ingestão de alimentos e bebidas contaminadas, por inalação ou ainda por contato desse material com algum ferimento aberto. Já a contaminação externa ocorre a partir da exposição a uma fonte de radiação que está no ambiente e falaremos delas a seguir:

  • Radiação alfa (α): A radiação alfa é semelhante à composição de um átomo de hélio e, portanto, é a que possui maior massa. O alcance dessas partículas é pequeno e possui pouco poder de penetração, além de serem facilmente blindadas.
  • Radiação beta (β): São elétrons emitidos através do núcleo estável de um átomo que busca estabilidade. O poder de penetração desse tipo de radiação ainda é baixo, mas é bem maior quando comparado com as partículas alfas. Ela consegue atravessar alguns milímetros da pele e, portanto, é usada pela medicina para acelerar cicatrizações na pele e no globo ocular.
  • Radiação gama (γ): Onda eletromagnética com um alto poder de penetração que pode atravessar um corpo humano com facilidade e causar sérios danos aos órgãos internos.
  • Radiação X: Onda eletromagnética com características semelhantes às do raio gama. Também possui um grande poder de penetração e tem sido de grande importância na medicina para a realização de diagnósticos, pois atravessam a carne humana e são absorvidos pelos ossos.  Além disso, seu efeito é cumulativo e, em intensidade não controlada, pode causar danos sérios, como o câncer, por exemplo.
  • Nêutrons: Os nêutrons não possuem carga. Normalmente ocorrem como resultado da quebra de um núcleo atômico. A emissão de nêutron é a única radiação capaz de fazer uma substância se tornar radioativa, principalmente em reações nucleares. Além disso, é altamente penetrante e libera partículas beta e gama ao mesmo tempo.
  • Radiação Cósmica: É aquela que vem do espaço e está presente na atmosfera. A radiação da luz solar (ou radiação ultravioleta) é um exemplo de radiação cósmica e a exposição a ela pode causar câncer de pele.

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O que é Radiação Nuclear?
Radioatividade: Decaimento Cluster
 

E quais são as fontes de poluição radioativa?

As radiações, que podem causar a poluição radioativa, são emitidas através de fontes artificiais ou naturais, que citaremos a seguir:

  • Fontes artificiais (causadas pelo homem): As fontes de origem artificial não são naturalmente radioativas, essa reação é provocada pelo homem. Alguns exemplos são: raios X e raios gama usados na medicina para tratamento e realização de exames; testes e explosões nucleares usados na indústria bélica para fabricação de bombas e armas; reatores nucleares usados no setor energético para produção de eletricidade; acidentes causados em instalações nucleares que normalmente liberam grandes quantidades de poluição radioativa e causam danos imensuráveis.
  • Fontes naturais: Podem ser encontrados na natureza, como no solo, na litosfera e em minas. Um exemplo disso são os minerais radioativos, que normalmente acompanham alguma substância de interesse econômico, como o petróleo e o carvão. Além disso, existe a radiação cósmica presente na atmosfera, como a que provém da luz solar;

A poluição radioativa no Brasil é algo com o que se preocupar?

A energia nuclear corresponde a 3% da matriz energética brasileira e suas instalações nucleares encontram-se localizadas na cidade de Angra dos Reis (RJ), composta por 3 unidades (Angra 1, Angra 2 e Angra 3). O Programa Nuclear Brasileiro existe desde a década de 1960 e segue protocolos internacionais de segurança.

No entanto, como citado anteriormente, o Brasil já passou por um acidente envolvendo material radioativo, o Césio-137. Tal acidente resultou em 11 vítimas fatais e outras 600 contaminadas.

E quais são as formas de prevenção contra a Poluição Radioativa?

Diversas medidas têm sido tomadas em relação à questão de como evitar as consequências da poluição radioativa. Para as usinas nucleares, por exemplo, existem diversas normas internacionais e órgãos reguladores com a responsabilidade de garantir a segurança na operação de reatores nucleares. Além disso, é necessário prover o treinamento adequado e estabelecer normas de segurança do trabalho para os profissionais que atuam nessas usinas.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi definida como uma organização das Nações Unidas, em 1957, com o objetivo de promover o uso pacífico da energia nuclear e o desencorajamento dos usos para fins militares de armas nucleares. Em 1990, ela também passou a inspecionar e investigar suspeitas violações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

E quais são as soluções para a Poluição Radioativa?

A primeira ação a fim de conter os efeitos da poluição radioativa é pensar no monitoramento e descarte adequado do lixo nuclear. O procedimento mais recomendado é o isolamento dos resíduos em recipientes que possam conter a proliferação da radiação e a manutenção de sua integridade por um longo tempo. Recomenda-se estocar em instalações especialmente construídas na superfície da Terra, para armazenamento de longo prazo ou definitivo, devido ao grande tempo necessário para que o material radioativo se torne inofensivo, de acordo com a quantidade de radiação emitida por esses materiais, mas nenhum dos métodos é 100% seguro.

Leia mais em: Lixo Nuclear                      

É preciso que se tenha o manuseio correto e consciente desse tipo de material. A diminuição dos testes nucleares também é um ponto a ser abordado, pois apresenta muitos perigos e riscos de poluição. Outra solução que pode ser apresentada é a limitação do uso de raios X nas atividades médicas.

Muito se questiona se a utilização da tecnologia nuclear compensa seus riscos e investimentos, uma vez que os custos para instalação e manutenção são bem altos e os riscos são imprevisíveis e incalculáveis. Entretanto, deve-se levar em conta o fato de haver grandes reservas de matérias-primas disponíveis e proporcionar menor impacto ambiental (desde que não ocorram desastres e o resíduo seja armazenado de forma correta). A energia nuclear também não contribui para o desequilíbrio do efeito estufa.

Certo Gás Nobre, desta forma, podemos concluir que a radioatividade possui inúmeras aplicações benéficas, como produção de energia, exames e tratamentos médicos, datação de objetos e fósseis, entre outros. No entanto, seus resíduos são muito perigosos e devem receber atenção especial para que não exponham as pessoas e o meio ambiente a riscos de contaminação. 

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